«O Ancião dos Dias» não tem mais que um dia, aquele onde ele está «Eu Sou, Ele diz, Aquele que É» Com efeito, o Eterno vive o presente plenamente, infinitamente, e esse presente, do fato que é infinitamente vivido, ocupa todo espaço e não pode deixar aquele às partículas do tempo. Ainda, não há para o Eterno nem passado, nem porvir. Não podemos dizer que ele foi, ou que será. O tempo de Deus é o hoje, o instante presente, o único onde ele é, o único onde ele age, sem se referir ao ontem ou amanhã. O Eterno não pode então se deter no meu amor do ano passado, ou naquele do amanhã esperado, muito menos não se detém, neste momento onde eu o amo, ao meu passado e seus pecados. Se temos tendência para dividir nossa existência entre o passado e o porvir é sobretudo em detrimento do tempo presente que vivemos, em geral, muito pouco e mal, perdendo-o nas lembranças e vãos arrependimentos do passado e nos sonhos freqüentemente enganadores do porvir, e no choro, o mais injustificado, de infortúnios imaginários. É o que fez dizer a um pensador, cujo nome eu me esqueci: «Ó desgraças, ó desgraças, jamais chegadas, o quanto me fizeram sofrer!» Deus não nos ameaça, pois a ameaça se refere ao porvir, nem guarde rancor de nós pois este se refere ao passado. Deus me vê e me julga tal como sou neste momento, o único em que está, o único em que age. Sou eu convertido a ele, fiz eu hoje um ato de amor sincero, rejeitando o que o desagrada, e procurando agradá-lo, eu sou um homem novo, eu sou "mas branco que a neve" e «filho do Altíssimo.» E em tudo gerando seu Filho o Pai me ama com o mesmo amor com o qual ele o ama, e me faz renascer «à Vida, ao Movimento e ao Ser.» Assim pode o Pai me dizer, a mim mesmo, com todas reservas feitas, «Tu és meu filho, eu hoje te gerei.» E o hoje, o instante presente, único tempo de Deus, é igualmente meu tempo, o único do qual disponho, o passado não sendo mais, o porvir não ainda. Aos olhos de Deus, eu mesmo, «Sou Aquele que Sou» não mais quem fui nem quem serei, uma vez que ele me vê tal como sou no presente, o único tempo onde ele é, onde ele age, sem referência ao ontem, nem ao amanhã. Deus, de fato, não vê em mim mais que o amor com que eu o amo, ou a Deus não agrada o amor perdido, o filho pródigo a recuperar. Minhas irmãs, meus irmãos, não nos deixemos invadir pelos arrependimentos do passado os mais freqüentemente deprimentes, e pelos sonhos do porvir, os mais freqüentemente estéreis. O hoje de Deus é igualmente o nosso. Amemos, amemos, carreguemos de amor o instante presente. Não tendo passado, eu o digo e o repito Deus não tem memória para reter nossas faltas, não tem o que o faça. Ele não guarda rancor, muito menos ameaça. Se amamos hoje, digamo-no a ele simplesmente com um coração de criança, neste instante, no qual vivemos, o único tempo onde Deus é, onde age, onde ele nos vê e nos escuta. Nunca é tarde, jamais muito tarde para amar. |
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