sábado, 3 de abril de 2010

«O Hoje de Deus» Do livro de Dom Elias Zoghby « Alegrias e Provas da Vida do Cristão»


«O Ancião dos Dias»
não tem mais que um dia,
aquele onde ele está
«Eu Sou, Ele diz, Aquele que É»
Com efeito, o Eterno
vive o presente plenamente,
infinitamente,
e esse presente, do fato que é
infinitamente vivido,
ocupa todo espaço
e não pode deixar aquele
às partículas do tempo.

Ainda, não há
para o Eterno
nem passado, nem porvir.
Não podemos dizer
que ele foi, ou que será.

O tempo de Deus é o hoje,
o instante presente,
o único onde ele é,
o único onde ele age,
sem se referir
ao ontem ou amanhã.

O Eterno
não pode então se deter
no meu amor do ano passado,
ou naquele do amanhã esperado,
muito menos não se detém,
neste momento onde eu o amo,
ao meu passado e seus pecados.

Se temos tendência
para dividir nossa existência
entre o passado e o porvir
é sobretudo em detrimento
do tempo presente
que vivemos, em geral,
muito pouco e mal,
perdendo-o nas lembranças
e vãos arrependimentos do passado
e nos sonhos freqüentemente
enganadores do porvir,
e no choro, o mais injustificado,
de infortúnios imaginários.

É o que fez dizer a um pensador,
cujo nome eu me esqueci:
«Ó desgraças,
ó desgraças, jamais chegadas,
o quanto me fizeram sofrer!»

Deus não nos ameaça,
pois a ameaça se refere
ao porvir,
nem guarde rancor de nós
pois este se refere ao passado.

Deus me vê e me julga
tal como sou
neste momento, o único
em que está, o único em que age.

Sou eu convertido a ele,
fiz eu hoje
um ato de amor sincero,
rejeitando o que o desagrada,
e procurando agradá-lo,
eu sou um homem novo,
eu sou "mas branco que a neve"
e «filho do Altíssimo.»

E em tudo gerando seu Filho
o Pai me ama
com o mesmo amor com o qual ele o ama,
e me faz renascer
«à Vida, ao Movimento e ao Ser.»

Assim pode o Pai
me dizer, a mim mesmo,
com todas reservas feitas,
«Tu és meu filho,
eu hoje te gerei.»

E o hoje, o instante presente,
único tempo de Deus,
é igualmente meu tempo,
o único do qual disponho,
o passado não sendo mais,
o porvir não ainda.

Aos olhos de Deus, eu mesmo,
«Sou Aquele que Sou»
não mais quem fui
nem quem serei,
uma vez que ele me vê
tal como sou no presente,
o único tempo
onde ele é, onde ele age,
sem referência
ao ontem, nem ao amanhã.

Deus, de fato, não vê em mim
mais que o amor com que eu o amo,
ou a Deus não agrada
o amor perdido, o filho pródigo
a recuperar.

Minhas irmãs, meus irmãos,
não nos deixemos invadir
pelos arrependimentos do passado
os mais freqüentemente deprimentes,
e pelos sonhos do porvir,
os mais freqüentemente estéreis.

O hoje de Deus
é igualmente o nosso.

Amemos, amemos,
carreguemos de amor o instante presente.

Não tendo passado,
eu o digo e o repito
Deus não tem memória
para reter nossas faltas,
não tem o que o faça.

Ele não guarda rancor,
muito menos ameaça.

Se amamos hoje,
digamo-no a ele simplesmente
com um coração de criança,
neste instante,
no qual vivemos,
o único tempo
onde Deus é, onde age,
onde ele nos vê e nos escuta.

Nunca é tarde,
jamais muito tarde para amar.


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