Sementes que dão fruto
A vida é uma oportunidade dada por Deus para nos tornarmos quem somos, para afirmarmos a nossa própria e autêntica natureza espiritual.Um dos maiores actos de fé é acreditar que os poucos anos que vivemos nesta terra são como uma pequena semente plantada num solo muito fértil. Para que esta semente possa produzir fruto, deve morrer.
Como seria diferente a nossa vida se fôssemos realmente capazes de acreditar que ela se multiplica em frutos quando se entrega como dom!
Como seria diferente a nossa vida se acreditássemos quetodo e qualquer acto de fidelidade, todo e qualquer gesto de amor, toda e qualquer palavra de perdão, toda e qualquer fracção de alegria e de paz se multiplicam enquanto houver pessoas para os receberem e que, mesmo assim, ainda sobrará alguma coisa!
Henri Nouwen, Viver é ser amado
sábado, 23 de junho de 2007
Ser o bem-amado
Jesus mostra-nos o caminho da compaixão, não só pelo que diz mas também pela forma como vive. Jesus fala e vive como o Filho bem-amado de Deus. Um dos acontecimentos centrais da vida de Jesus é relatado por Mateus: «Uma vez baptizado,Jesus saiu da água e eis que os céus se lhe abriram e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do céu dizia: "Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência"» (Mateus 3,16-17).Este evento revela a verdadeira identidade de Jesus. Jesus é o «Bem-Amado» de Deus. Esta verdade espiritual guiará todos os seus pensamentos, palavras e acções. É a rocha sobre a qual o seu mistério de compaixão será construído. E isto torna-se óbvio quando o Evangelho nos diz que o mesmo Espírito, que desceu sobre Ele quando saía da água, O conduziu também ao deserto para ser tentado. Aí o «Tentador» veio ter com Ele pedindo-lhe que demonstrasse que valia a pena amá-lo. O «Tentador» disse-lhe: «Faz algo de útil, como transformar pedras em pão. Faz algo de sensacional, como lançares-te duma torre. Faz algo que traga o poder, como honrar-me a mim» (ler Mateus 4, 1-9). Estas três tentações eram três maneiras de levar Jesus a tornar-se um «competidor» pelo amor.O mundo do «Tentador» é precisamente o mundo em que as pessoas competem pelo amor fazendo coisas úteis, sensacionais e poderosas, para assim obterem medalhas que lhes ganhem afecto e a admiração dos outros.Jesus, porém, é muito claro na sua resposta: «Não tenho que demonstrar se sou digno de amor. Eu sou o Bem-Amado de Deus. Aquele em quem Deus se compraz.» Foi essa vitória sobre o «Tentador» que fez de Jesus um homem livre para optar por uma vida de compaixão.
Henri Nouwen, Aqui e Agora
domingo, 10 de junho de 2007
Continua a caminhar em direcção à encarnação integral
"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim."- Gálatas 2, 20
Não desprezes o que já conseguiste. Deste passos importantes em direcção à liberdade que procuras. Decidiste dedicar-te inteiramente a Deus, em tornar Jesus no centro da tua vida e deixar-te transformar num instrumento da graça divina. Sim, continuas a sentir-te interiormente dividido, a sentir necessidade de aprovação e de louvor. Mas sabes que fizeste escolhas importantes que te mostram para onde queres realmente ir.
Podes olhar para a tua vida como para um cone largo, que estreita à medida que vais descendo. Nesse cone existem muitas portas que te permitem sair do caminho. Mas tens vindo a fechar estas portas uma após outra, centrando-te cada vez mais profundamente em ti mesmo. Sabes que Jesus te aguarda no fim, tal como sabes que Ele te guia na tua caminhada nessa direcção. Sempre que fechas mais uma porta - seja ela a porta da satisfação imediata, a porta dos negócios, a porta da culpa e da preocupação ou a porta da autocensura - comprometes-te contigo mesmo a penetrar cada vez mais fundo no teu coração e portanto mais fundo no coração de Deus.
Este é um movimento na direcção da encarnação total. Leva-te a ser o que já és - filho de Deus; permite-te encarnar cada vez mais a verdade do teu ser, faz-te assumir o Deus que vive em ti. Sentes-te tentado a pensar que não és ninguém na vida espiritual e que os teus amigos estão muito à tua frente na sua caminhada, mas isto é um erro.
Deves confiar na profundidade da presença divina em ti e viver a partir daí. Assim se caminha em direcção à encarnação total.
A voz íntima do amor
de Henri Nouwen
sexta-feira, 18 de maio de 2007
O Peso do Julgamento
Imaginemos que não temos nehuma necessidade de julgar ninguém. Imaginemos que não temos nenhuma vontade de decidir se alguém é boa ou má pessoa. Imaginemos que somos completamente livres de sentir e ajuizar sobre o tipo de comportamento, seja de quem for. Imaginemo-nos com capacidade para dizer: «Não vou julgar ninguém!»
Imaginemos - não seria isto uma autêntica liberdade interior? Os Padres do deserto do século IV diziam: «Julgar os outros é um fardo pesado.» Eu tive alguns momentos na vida em que me senti livre da necessidade de fazer qualquer juízo de valor acerca dos outros. Senti que me tinha sido tirado um peso dos ombros. Nesses momentos, experimentei um amor imenso por todos os que encontrei, por todos aqueles de quem ouvi algumas coisas e, sobretudo, por aqueles dos quais li algumas coisas.
Uma solidariedade profunda com todos os povos e um profundo desejo de os amar desceram as paredes do meu íntimo e tornaram o meu coração grande como o universo.
Um desses momentos ocorreu depois duma passagem de sete meses por um mosteiro de Trapistas. Vivia tão inundado da bondade de Deus que via essa bondade onde quer que fosse, mesmo atrás das fachadas de violência, destruição e crime. Tive que me coibir de abraçar as mulheres e homens que me venderam géneros alimentícios, flores e um fato novo. É que todos me pareciam santos!
Todos podemos desfrutar destes momentos se estivermos atentos ao movimento do Espírito de Deus dentro de nós. São como amostras de céu, de beleza e de paz. É fácil descartar estes momentos como produto dos nossos sonhos ou da nossa imaginação poética. Mas, quando optamos por pedi-los como uma forma de Deus nos dar umas pancadinhas no ombro e de nos mostrar a verdade mais profunda da existência, gradualmente somos capazes de ultrapassar a necessidade de julgar os outros e a inclinação para ajuizar acerca de tudo e de todos. Então poderemos crescer rumo a uma verdadeira liberdade interior e a uma verdadeira santidade.
Mas, só poderemos pôr de lado o fardo pesado de julgar os outros quando não nos importarmos de suportar o ligeiro peso de ser julgados!
Imaginemos - não seria isto uma autêntica liberdade interior? Os Padres do deserto do século IV diziam: «Julgar os outros é um fardo pesado.» Eu tive alguns momentos na vida em que me senti livre da necessidade de fazer qualquer juízo de valor acerca dos outros. Senti que me tinha sido tirado um peso dos ombros. Nesses momentos, experimentei um amor imenso por todos os que encontrei, por todos aqueles de quem ouvi algumas coisas e, sobretudo, por aqueles dos quais li algumas coisas.
Uma solidariedade profunda com todos os povos e um profundo desejo de os amar desceram as paredes do meu íntimo e tornaram o meu coração grande como o universo.
Um desses momentos ocorreu depois duma passagem de sete meses por um mosteiro de Trapistas. Vivia tão inundado da bondade de Deus que via essa bondade onde quer que fosse, mesmo atrás das fachadas de violência, destruição e crime. Tive que me coibir de abraçar as mulheres e homens que me venderam géneros alimentícios, flores e um fato novo. É que todos me pareciam santos!
Todos podemos desfrutar destes momentos se estivermos atentos ao movimento do Espírito de Deus dentro de nós. São como amostras de céu, de beleza e de paz. É fácil descartar estes momentos como produto dos nossos sonhos ou da nossa imaginação poética. Mas, quando optamos por pedi-los como uma forma de Deus nos dar umas pancadinhas no ombro e de nos mostrar a verdade mais profunda da existência, gradualmente somos capazes de ultrapassar a necessidade de julgar os outros e a inclinação para ajuizar acerca de tudo e de todos. Então poderemos crescer rumo a uma verdadeira liberdade interior e a uma verdadeira santidade.
Mas, só poderemos pôr de lado o fardo pesado de julgar os outros quando não nos importarmos de suportar o ligeiro peso de ser julgados!
Henri Nouwen, Aqui e Agora
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