Capacita-te de que és bem-vindo
O que mais receias é não ser bem-vindo. Isto está ligado ao receio inato que trazes desde o nascimento, o receio de não seres bem recebido nesta vida, e o teu medo da morte, medo de não seres bem recebido na vida depois desta. É o medo arraigado de que teria sido melhor se não tivesses nascido.
Aqui enfrentas o cerne da batalha espiritual. Irás ceder às forças das trevas, que afirmam não seres bem-vindo a esta vida, ou és capaz de confiar na voz daquele que veio não para te condenar mas para te libertar do medo? Tens que escolher a vida. Em cada momento tens que confiar na voz que afirma: «Eu amo-te. Eu plasmei-te no seio da tua mãe»(Salmo 139, 13).
Tudo o que Jesus te está a dizer pode ser resumido nestas palavras «acredita que és bem-vindo». Jesus oferece-te a sua vida mais íntima com o Pai. Ele quer que saibas tanto quanto Ele e faças tudo o que Ele faz. Ele quer que a sua casa seja a tua. Sim, Ele quer preparar um lugar para ti na casa do seu Pai.
Tem sempre presente que os teus sentimentos de seres indesejável não provêm de Deus e não falam verdade. O Príncipe das Trevas crê que a tua vida é um erro e que não há lugar para ti. Mas sempre que deixas estes pensamentos afectarem-te, enveredas pelo caminho da autodestruição. Por isso tens que continuar a desmascarar a mentira e a pensar, falar e agir de acordo com a verdade de seres muito, muito bem-vindo.
Henri Nouwen, em "A voz íntima do amor"
Aqui enfrentas o cerne da batalha espiritual. Irás ceder às forças das trevas, que afirmam não seres bem-vindo a esta vida, ou és capaz de confiar na voz daquele que veio não para te condenar mas para te libertar do medo? Tens que escolher a vida. Em cada momento tens que confiar na voz que afirma: «Eu amo-te. Eu plasmei-te no seio da tua mãe»(Salmo 139, 13).
Tudo o que Jesus te está a dizer pode ser resumido nestas palavras «acredita que és bem-vindo». Jesus oferece-te a sua vida mais íntima com o Pai. Ele quer que saibas tanto quanto Ele e faças tudo o que Ele faz. Ele quer que a sua casa seja a tua. Sim, Ele quer preparar um lugar para ti na casa do seu Pai.
Tem sempre presente que os teus sentimentos de seres indesejável não provêm de Deus e não falam verdade. O Príncipe das Trevas crê que a tua vida é um erro e que não há lugar para ti. Mas sempre que deixas estes pensamentos afectarem-te, enveredas pelo caminho da autodestruição. Por isso tens que continuar a desmascarar a mentira e a pensar, falar e agir de acordo com a verdade de seres muito, muito bem-vindo.
Henri Nouwen, em "A voz íntima do amor"
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Henri Nouwen e o seu amigo Adam
O autor cristão com mais textos publicados no meu blog, é o sacerdote Henri Nouwen. Creio que os textos que postei são muito apreciados e têm tocado o coração de alguns visitantes deste cantinho. Mas, quem é o homem por detrás dessas reflexões espirituais sobre Deus e a vida cristã? Convido-vos a conhecer um pouco melhor este sacerdote através das palavras de outro autor cristão sobejamente conhecido - Philip Yancey( foi através deste autor que li pela primeira vez algo sobre Henri Nouwen).
Bem-aventurados os misericordiosos. Aprendi a verdade dessa beatitude com Henri Nouwen, sacerdote que ensinava na Universidade de Harvard. No auge da carreira, Nouwen mudou-se de Harvard para uma comunidade chamada Daybreak, perto de Toronto, a fim de assumir as tarefas exigidas por sua amizade com um homem chamado Adam. Nouwen agora serve não aos intelectuais, mas a um jovem considerado por muitos uma pessoa inútil que deveria ter sido abortada.
Nouwen descreve seu amigo:
«Adam é um homem de 25 anos de idade que não consegue falar, não consegue vestir-se, nem tirar a roupa, não pode andar sozinho, não pode comer sem ajuda. Ele não chora nem ri. Apenas às vezes faz contato com os olhos. As costas são deformadas. Os movimentos dos braços e das pernas são distorcidos. Ele sofre de severa epilepsia e, apesar de pesada medicação, raros dias se passam sem ataques do grande mal. Às vezes, quando fica subitamente rígido, emite um gemido imenso. Em algumas ocasiões já vi uma grande lágrima rolar por sua face.
Levo cerca de hora e meia para acordar Adam, dar-lhe medicação, carregá-lo até ao seu banho, lavá-lo, barbeá-lo, escovar seus dentes, levá-lo à cozinha, dar-lhe o café da manhã, colocá-lo na sua cadeira de rodas e levá-lo até ao lugar onde passa a maior parte do dia com exercícios terapêuticos.»
Numa visita a Toronto, observei-o na sua rotina com Adam, e devo admitir que tive uma dúvida passageira quanto a ser aquele o melhor emprego da sua vida. Eu ouvira Henri Nouwen falar e lera muitos dos seus livros. Ele tinha muita coisa a oferecer. Outra pessoa não poderia assumir a tarefa servil de cuidar de Adam? Quando cautelosamente mencionei o assunto com o próprio Nouwen, ele me informou que eu interpretara de todo erradamente o que estava acontecendo. “Não estou desistindo de nada”, ele insistiu. Sou eu, não o Adam, quem recebe os principais benefícios de nossa amizade.”
Então Nouwen começou a enumerar para mim todos os benefícios que obtivera. As horas passadas com Adam, disse, deram-lhe uma paz interior tão satisfatória que fez com que a maioria de suas outras tarefas intelectuais parecessem enfadonhas e superficiais por contraste. No começo, quando se assentava com esse homem-criança desamparado, percebia como a busca do sucesso na academia e no ministério cristão era obsessiva e marcada pela rivalidade e pela competição. Adam lhe ensinara que “o que nos torna humanos não está na nossa mente mas no nosso coração, não é a nossa capacidade de pensar, mas a nossa capacidade de amar”.
Já agora, leiam também este post:http://seguirjesus.blogspot.com/2007/04/sedentos-de-amor.html
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Passar por cima das nossas feridas
Os humanos sofrem imenso. Muito, para não dizer a maior parte, do nosso sofrimento tem origem na relação com aqueles que nos amam. Estou constantemente ciente de que a minha agonia profunda provém, não dos terríveis eventos que leio nos jornais ou vejo na televisão, mas da relação com as pessoas com quem partilho a minha vida diária. São precisamente os homens e mulheres, que me amam e que estão muito perto de mim, os que me ferem.
À medida que ficamos mais velhos, geralmente vamos descobrindo que nem sempre fomos bem amados. Com frequência, os que nos amaram também nos usaram. Os que se interessaram por nós foram, por vezes, também invejosos. Os que nos deram muito, por vezes, exigiram também muito em troca. os que nos protegeram quiseram também possuir-nos nos momentos críticos. Habitualmente, sentimos a necessidade de esclarecer como e porque é que estamos feridos; e, com frequência, chegamos à alarmante descoberta de que o amor que recebemos não foi tão puro e simples como tínhamos julgado. É importante esclarecer estas coisas, especialmente quando nos sentimos paralizados por medos, preocupações e anseios obscuros que não compreendemos.
Mas compreender as nossas feridas não basta. Ao fim e ao cabo, temos que encontrar a liberdade para passar por cima das nossas feridas e a coragem para perdoar aos que nos feriram. O verdadeiro perigo está em ficarmos paralizados pela raiva e pelo ressentimento. Então começaremos a viver com o complexo do "ferido", queixando-nos sempre de que a vida não é "justa".
Jesus veio livrar-nos destas queixas auto-destrutivas. Diz Ele. "Põe de lado as tuas queixas, perdoa aos que te amaram mal, passa por cima da sensação que tens de seres rejeitado e ganha coragem para acreditar que não cairás no abismo do nada mas no abraço seguro de Deus cujo amor curará todas as tuas feridas."
À medida que ficamos mais velhos, geralmente vamos descobrindo que nem sempre fomos bem amados. Com frequência, os que nos amaram também nos usaram. Os que se interessaram por nós foram, por vezes, também invejosos. Os que nos deram muito, por vezes, exigiram também muito em troca. os que nos protegeram quiseram também possuir-nos nos momentos críticos. Habitualmente, sentimos a necessidade de esclarecer como e porque é que estamos feridos; e, com frequência, chegamos à alarmante descoberta de que o amor que recebemos não foi tão puro e simples como tínhamos julgado. É importante esclarecer estas coisas, especialmente quando nos sentimos paralizados por medos, preocupações e anseios obscuros que não compreendemos.
Mas compreender as nossas feridas não basta. Ao fim e ao cabo, temos que encontrar a liberdade para passar por cima das nossas feridas e a coragem para perdoar aos que nos feriram. O verdadeiro perigo está em ficarmos paralizados pela raiva e pelo ressentimento. Então começaremos a viver com o complexo do "ferido", queixando-nos sempre de que a vida não é "justa".
Jesus veio livrar-nos destas queixas auto-destrutivas. Diz Ele. "Põe de lado as tuas queixas, perdoa aos que te amaram mal, passa por cima da sensação que tens de seres rejeitado e ganha coragem para acreditar que não cairás no abismo do nada mas no abraço seguro de Deus cujo amor curará todas as tuas feridas."
Henri Nouwen, in "Aqui e Agora"
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Somos filhos amados de Deus
Durante a nossa curta vida, a questão que guia muitos dos nossos comportamentos é a seguinte:"Quem somos nós?"Raramente nos fazemos esta pergunta de maneira formal, contudo, vivemo-la muito concretamente nas decisões do nosso dia-a-dia. As três respostas que nós geralmente vivemos - e que não damos necessariamente - são: "Nós somos o que fazemos"; "nós somos o que os outros dizem de nós"; e "nós somos o que temos"; ou, por outras palavras: "Nós somos os nossos sucessos, a nossa popularidade e o nosso poder."
É importante compreender a fragilidade da vida que depende do sucesso, da popularidade e do poder. Essa fragilidade provém do facto de esses serem factores externos sobre os quais temos apenas controlo limitado. A perda do nosso emprego, da fama ou dos bens, tem frequentemente, como causa eventos totalmente fora do nosso controlo. Mas, quando dependemos deles, é como se nos tivéssemos vendido ao mundo, porque então somos o que o mundo nos dá. E a morte acaba por nos tirar tudo. E a sentença final então será: "Quando se morre, acabou!" , porque, quando morremos, mais nada podemos fazer, as pessoas não tornam a falar de nós e já nunca mais temos nada. Quando somos o que o mundo faz de nós, já não podemos ser depois de termos deixado o mundo.
Jesus veio anunciar-nos que uma identidade baseada nos sucesso, na popularidade e no poder é uma falsa identidade, uma ilusão! Diz Ele, alto e a bom som: "Vós não sois o que o mundo faz de vós, mas sois filhos amados de Deus."
É importante compreender a fragilidade da vida que depende do sucesso, da popularidade e do poder. Essa fragilidade provém do facto de esses serem factores externos sobre os quais temos apenas controlo limitado. A perda do nosso emprego, da fama ou dos bens, tem frequentemente, como causa eventos totalmente fora do nosso controlo. Mas, quando dependemos deles, é como se nos tivéssemos vendido ao mundo, porque então somos o que o mundo nos dá. E a morte acaba por nos tirar tudo. E a sentença final então será: "Quando se morre, acabou!" , porque, quando morremos, mais nada podemos fazer, as pessoas não tornam a falar de nós e já nunca mais temos nada. Quando somos o que o mundo faz de nós, já não podemos ser depois de termos deixado o mundo.
Jesus veio anunciar-nos que uma identidade baseada nos sucesso, na popularidade e no poder é uma falsa identidade, uma ilusão! Diz Ele, alto e a bom som: "Vós não sois o que o mundo faz de vós, mas sois filhos amados de Deus."
Henri Nouwen, in "Aqui e Agora"
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Segue o teu chamamento mais profundo
Quando descobrires dentro de ti alguma coisa que é um dom de Deus deves apoderar-te dela e não deixar que te seja retirada. Por vezes as pessoas que não conhecem o teu coração nem se aperceberão da importância de algo que faz parte do teu ser mais profundo, precioso tanto aos teus olhos como aos de Deus. Talvez não te conheçam suficientemente bem para corresponder às tuas carências genuínas. É nesta altura que deves escutar o teu coração e seguir o teu chamamento mais profundo.
Uma parte de ti cede facilmente às exigências alheias. Assim que alguém questiona os teus motivos começas a duvidar de ti próprio. Acabas por concordar com o outro antes de teres consultado o teu próprio coração. Assim vais-te tornando cada vez mais passivo e assumes simplesmente que os outros é que sabem. Neste caso deves escutar com atenção o teu ser mais profundo. «Centrar-te» e «regressares a ti próprio» são expressões que indicam possuíres uma base interior sólida, a partir da qual podes falar e agir - sem desculpas - de forma humilde mas convincente.
Uma parte de ti cede facilmente às exigências alheias. Assim que alguém questiona os teus motivos começas a duvidar de ti próprio. Acabas por concordar com o outro antes de teres consultado o teu próprio coração. Assim vais-te tornando cada vez mais passivo e assumes simplesmente que os outros é que sabem. Neste caso deves escutar com atenção o teu ser mais profundo. «Centrar-te» e «regressares a ti próprio» são expressões que indicam possuíres uma base interior sólida, a partir da qual podes falar e agir - sem desculpas - de forma humilde mas convincente.
Henri Nouwen, a voz íntima do amor
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Por enquanto guarda o teu tesouro
«O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.» - Mateus 13, 44
Descobriste um tesouro: o tesouro do amor de Deus. Agora já sabes onde está, mas ainda não estás preparado para o possuir inteiramente. Ainda estás tão dividido. Se possuísses completamente o teu tesouro deverias escondê-lo no terreno onde o encontraste, partir feliz, vender tudo o que tens e regressar para comprar esse campo. Podes sentir-te muito feliz por ter encontrado o tesouro. Mas não deves ser ingénuo ao ponto de pensar que és dono dele. Só quando te tiveres libertado de tudo o resto é que o tesouro poderá ser todo teu.
A descoberta do tesouro faz-te enveredar numa nova busca. A vida espiritual é uma procura longa e muitas vezes árdua do que já encontraste. Só podes procurar Deus quando já o encontraste. Desejar o amor incondicional de Deus é o fruto de ter sido tocado por esse amor.Dado que encontrar o tesouro é apenas o início da busca, tens que ser cauteloso. Se expões o teu tesouro a outros sem o possuíres completamente podes magoar-te e até mesmo perdê-lo. Um amor recém descoberto precisa de ser cuidado num lugar sossegado e íntimo. A exteriorização mata-o. É por isso que precisas de esconder o tesouro e despender a tua energia na venda dos teus bens de modo a puderes comprar o campo onde o escondeste.
Este é muitas vezes um empreendimento doloroso, por que a sensação de quem és está tão intimamente ligada a todas as coisas que possuis: sucesso, amigos, prestígio, dinheiro, graus académicos, etc. Mas tu sabes que nada te poderá satisfazer a não ser o tesouro. Descobrir o tesouro sem estar completamente preparado para ser inteiramente dono dele tornar-te-á inquieto. Esta é a inquietação na demanda de Deus. É o caminho da santidade. É a estrada para o Reino. É a caminhada para o lugar onde podes descansar.
Henri Nouwen, A voz íntima do amor
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Repete com frequência: "Senhor, tem piedade"
Interrogas-te sobre o que hás-de fazer quando atacado por todos os lados por forças aparentemente irresistíveis, ondas que te cobrem e querem derrubar-te. Por vezes estas ondas são o facto de te sentires desprezado, esquecido e incompreendido. Outras vezes são a raiva, o ressentimento ou mesmo o desejo de vingança. e por vezes autopiedade e autocensura. Estas ondas fazem-te sentir como uma criança indefesa, abandonada pelos pais. Que deves fazer?
Escolhe conscientemente desviar a atenção do teu coração ansioso dessas ondas e dirigi-la para Aquele que caminha sobre as águas e diz«Sou eu. Não tenhais medo!» (Mateus 14, 27; 6, 50; João 6, 20). Continua a desviar para Ele o teu olhar e a confiar que Ele trará a paz ao teu coração. Olha-o e diz: «Senhor, tem piedade.» Repete-o uma e outra vez, sem ansiedade, mas com a confiança de quem sabe que Ele está próximo de ti e aquietará a tua alma.
Henri Nouwen, A voz íntima do amor
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Confia nos teus amigos
Continuas à procura de provas de amizade, mas ao fazê-lo magoas-te a ti próprio. Quando dás alguma coisa aos teus amigos, não fiques à espera de uma resposta concreta, de um agradecimento.
Quando acreditas realmente ser amado por Deus podes conceder aos teus amigos a liberdade de responderem ao teu amor à sua maneira. Eles têm as suas próprias histórias, as suas próprias personalidades, as suas maneiras particulares de receber amor. Talvez sejam mais lentos, mais hesitantes e mais cautelosos do que tu. Talvez desejem estar contigo de formas reais e autênticas para eles mas invulgares para ti. Confia em que aqueles que te amam desejam demonstrar-te o seu amor de uma forma real, mesmo quando as suas escolhas de tempo, local e forma são diversas das tuas.
Muita da tua capacidade em confiar nos teus amigos depende da tua confiança na tua própria virtude. Quando ofereces uma dádiva espontaneamente não te preocupes com os teus motivos. Não digas a ti mesmo «talvez eu tenha dado este presente à espera de algo em troca. Talvez eu tenha dado este presente para forçar o meu amigo a uma intimidade que ele ou ela não deseja». Confia na tua intuição.Permite aos teus amigos a liberdade de responderem como desejam e de acordo com as suas capacidades. Deixa que a recepção deles seja tão livre como a tua oferta. Assim serás capaz de sentir verdadeira gratidão.
Henri Nouwen, a voz íntima do amor
domingo, 30 de setembro de 2007
Sê um verdadeiro amigo
A amizade tem sido para ti fonte de grande sofrimento. Desejaste-a tanto que muitas vezes te perdeste na procura de um verdadeiro amigo ou amiga. Ficaste muitas vezes desesperado quando uma amizade pela qual ansiavas não se materializou ou quando uma amizade que iniciaste cheio de esperança não perdurou. Muitas das tuas amizades provieram da tua necessidade de afecto, de afirmação e de amparo emocional. Mas agora precisas de procurar amigos com os quais te possas relacionar a partir do teu centro, do lugar onde te sabes profundamente amado. A amizade torna-se cada vez mais possível à medida que te aceitas como uma pessoa profundamente amada. Então podes estar com os outros de uma forma não possessiva.
Os amigos verdadeiros encontram a sua correspondência interior onde ambos conhecem o amor de Deus. Lá o espírito conversa com o espírito e o coração com o coração. As verdadeiras amizades são duradouras, porque o verdadeiro amor é eterno. Uma amizade em que o coração fala ao coração é uma dádiva de Deus, e nenhuma dádiva divina é temporária ou fortuita. Tudo o que provém de Deus participa na vida eterna de Deus. O amor entre pessoas, quando dado por Deus, é mais forte que a morte. Neste sentido, as verdadeiras amizades permanecem para lá da morte.
Quanto amaste profundamente, esse amor pode tornar-se ainda mais forte após a morte da pessoa que amas. Esta é a mensagem fulcral de Jesus. Quando Jesus morreu, a amizade dos discípulos para com Ele não diminuiu. Pelo contrário, aumentou. Nisto se resume a descida do Espírito Santo. O Espírito de Jesus tornou eterna a sua amizade com os seus discípulos, mais forte e mais íntima do que antes da sua morte. Foi isto que Paulo entendeu quando disse: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gálatas 2, 20).Tens que confiar em que a verdadeira amizade não tem fim, que existe uma comunhão de Santos entre todos os que, vivos e mortos, amaram verdadeiramente Deus e uns aos outros. Sabes por experiência própria até que ponto isto é verdade. Os que amaste profundamente e já morreram continuam a viver em ti, não apenas como recordações mas como presenças reais.
Atreve-te a amar e a ser um amigo verdadeiro. O amor que dás e recebes é uma realidade que te conduzirá para cada vez mais perto de Deus bem como dos que Deus te deu para amares.
Henri Nouwen, A voz íntima do amor
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Enfrenta o inimigo
À medida que vês com mais clareza que a tua vocação é ser testemunha do amor de Deus no mundo, e à medida que vives essa vocação com maior determinação, os ataques do inimigo aumentam. Ouvirás vozes que dizem «és inútil, não tens nada para dar, és indesejável, antipático, ninguém gosta de ti».
Quanto mais sentes o chamamento de Deus tanto mais descobrirás na tua própria alma a batalha cósmica entre Deus e Satanás. Não tenhas medo. Continua a aprofundar a tua convicção de que o amor de Deus por ti é suficiente, de que estás em boas mãos e que alguém guia todos os teus passos. Não fiques surpreendido pelos ataques demoníacos, que irão aumentar, mas à medida que os fores enfrentando sem medo descobrirás que eles não têm poder algum. São impotentes.
O que é importante é continuares agarrado ao amor real, perene e inequívoco de Jesus. Sempre que duvidares desse amor, regressa ao teu lar espiritual interior e escuta aí a voz do amor. Só quando estiveres bem seguro, lá no mais fundo de ti, de que és intimamente amado é que poderás enfrentar as vozes funestas do inimigo sem te deixares seduzir por elas.
O amor de Jesus dar-te-á uma visão permanentemente transparente do teu chamamento, bem como das inúmeras tentações que te afastam desse chamamento. Quanto mais és chamado a falar do amor divino tanto mais necessitas de aprofundar o teu conhecimento desse amor no teu coração. Quanto mais longe te leva a tua caminhada exterior mais profunda deve ser a tua caminhada interior. Só quando as tuas raízes são profundas é que os teus frutos são abundantes. O inimigo está aí, à espera de te destruir, mas tu podes enfrentar o inimigo sem medo quando te sabes seguro no amor de Jesus.
Quanto mais sentes o chamamento de Deus tanto mais descobrirás na tua própria alma a batalha cósmica entre Deus e Satanás. Não tenhas medo. Continua a aprofundar a tua convicção de que o amor de Deus por ti é suficiente, de que estás em boas mãos e que alguém guia todos os teus passos. Não fiques surpreendido pelos ataques demoníacos, que irão aumentar, mas à medida que os fores enfrentando sem medo descobrirás que eles não têm poder algum. São impotentes.
O que é importante é continuares agarrado ao amor real, perene e inequívoco de Jesus. Sempre que duvidares desse amor, regressa ao teu lar espiritual interior e escuta aí a voz do amor. Só quando estiveres bem seguro, lá no mais fundo de ti, de que és intimamente amado é que poderás enfrentar as vozes funestas do inimigo sem te deixares seduzir por elas.
O amor de Jesus dar-te-á uma visão permanentemente transparente do teu chamamento, bem como das inúmeras tentações que te afastam desse chamamento. Quanto mais és chamado a falar do amor divino tanto mais necessitas de aprofundar o teu conhecimento desse amor no teu coração. Quanto mais longe te leva a tua caminhada exterior mais profunda deve ser a tua caminhada interior. Só quando as tuas raízes são profundas é que os teus frutos são abundantes. O inimigo está aí, à espera de te destruir, mas tu podes enfrentar o inimigo sem medo quando te sabes seguro no amor de Jesus.
Henri Nouwen, A voz íntima do amor
domingo, 23 de setembro de 2007
Continua a preferir Deus
Enfrentas escolhas permanentes. O problema está em saber se preferes Deus ou o teu eu duvidoso. Sabes qual é a escolha certa, mas as tuas emoções, paixões e sentimentos continuam a sugerir-te escolher o caminho da auto-exclusão.
A escolha radical está em confiar sempre em que Deus está contigo e te dará o que mais precisas. As tuas emoções de auto-exclusão talvez digam assim «Isto não vai dar em nada. Continuo a sentir-me tão angustiado como há seis meses. O mais provável é continuar a agir e a reagir do mesmo modo depressivo. De facto não mudei nada». Etc, etc. É difícil não dar ouvidos a estas vozes. Contudo, sabes que esta não é a voz de Deus. Deus diz-te: «Eu amo-te, estou contigo, quero que te aproximes de mim e experimentes a alegria e a paz da minha presença. Quero dar-te um coração e um espírito novos. Quero que fales com a minha boca, vejas com os meus olhos, oiças com os meus ouvidos, toques com as minhas mãos. Tudo o que é meu é teu. Limita-te a confiar em mim e deixa-me ser o teu Deus.»
Esta é a voz que deves escutar. E essa escuta exige uma escolha real, não apenas de vez em quando, mas a cada momento de cada dia e de cada noite. És tu quem decide o que pensar, dizer e fazer. Podes optar pela depressão, podes convencer-te a ser pobre em segurança e agir de modo a censuraras-te permanentemente. Mas tens sempre a oportunidade de escolher pensar, falar e agir em nome de Deus e assim caminhares para a Luz, a Verdade e a Vida.
À medida que vais concluindo este período de renovação espiritual confrontas-te uma vez mais com a escolha. Podes optar por recordar este tempo como uma tentativa falhada de renascimento total ou podes igualmente escolher recordar-te dele como do tempo precioso em que Deus iniciou em ti coisas novas que precisam de ser levadas à plenitude. O teu futuro depende de como decidires recordar o teu passado.Escolhe dentro da verdade que conheces. Não permitas que as tuas emoções ainda ansiosas te distraiam. Enquanto continuares a preferir Deus as tuas emoções deixarão gradualmente a sua rebeldia e converter-se-ão à Verdade que habita em ti.
Enfrentas uma verdadeira batalha espiritual. Mas não tenhas medo. Não estás só. Os que te guiaram durante este período não te vão abandonar. As suas orações e apoio estarão contigo onde quer que vás. Mantém-nos junto do teu coração para que eles te possam conduzir enquanto fazes as tuas escolhas.
Lembra-te, estás em segurança. És amado. Estás protegido. Estás em comunhão com Deus e com os que Deus te enviou. O que é de Deus permanecerá. Pertence à vida eterna. Escolhe-a e ela será tua.
A escolha radical está em confiar sempre em que Deus está contigo e te dará o que mais precisas. As tuas emoções de auto-exclusão talvez digam assim «Isto não vai dar em nada. Continuo a sentir-me tão angustiado como há seis meses. O mais provável é continuar a agir e a reagir do mesmo modo depressivo. De facto não mudei nada». Etc, etc. É difícil não dar ouvidos a estas vozes. Contudo, sabes que esta não é a voz de Deus. Deus diz-te: «Eu amo-te, estou contigo, quero que te aproximes de mim e experimentes a alegria e a paz da minha presença. Quero dar-te um coração e um espírito novos. Quero que fales com a minha boca, vejas com os meus olhos, oiças com os meus ouvidos, toques com as minhas mãos. Tudo o que é meu é teu. Limita-te a confiar em mim e deixa-me ser o teu Deus.»
Esta é a voz que deves escutar. E essa escuta exige uma escolha real, não apenas de vez em quando, mas a cada momento de cada dia e de cada noite. És tu quem decide o que pensar, dizer e fazer. Podes optar pela depressão, podes convencer-te a ser pobre em segurança e agir de modo a censuraras-te permanentemente. Mas tens sempre a oportunidade de escolher pensar, falar e agir em nome de Deus e assim caminhares para a Luz, a Verdade e a Vida.
À medida que vais concluindo este período de renovação espiritual confrontas-te uma vez mais com a escolha. Podes optar por recordar este tempo como uma tentativa falhada de renascimento total ou podes igualmente escolher recordar-te dele como do tempo precioso em que Deus iniciou em ti coisas novas que precisam de ser levadas à plenitude. O teu futuro depende de como decidires recordar o teu passado.Escolhe dentro da verdade que conheces. Não permitas que as tuas emoções ainda ansiosas te distraiam. Enquanto continuares a preferir Deus as tuas emoções deixarão gradualmente a sua rebeldia e converter-se-ão à Verdade que habita em ti.
Enfrentas uma verdadeira batalha espiritual. Mas não tenhas medo. Não estás só. Os que te guiaram durante este período não te vão abandonar. As suas orações e apoio estarão contigo onde quer que vás. Mantém-nos junto do teu coração para que eles te possam conduzir enquanto fazes as tuas escolhas.
Lembra-te, estás em segurança. És amado. Estás protegido. Estás em comunhão com Deus e com os que Deus te enviou. O que é de Deus permanecerá. Pertence à vida eterna. Escolhe-a e ela será tua.
Henri Nouwen, A voz íntima do amor
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Continua a viver onde Deus está
Viver uma vida disciplinada é viver de tal modo que queres estar apenas onde Deus está contigo. Quanto mais aprofundares a vivência da tua vida espiritual, tanto melhor discernirás a diferença entre viver com Deus e viver sem Deus, e mais fácil será saíres dos locais onde Deus deixa de estar contigo. Aqui o maior desafio reside na fidelidade, que deve ser vivida nas escolhas de cada momento. Quando a tua comida, bebida, trabalho, divertimento, conversa ou escrita deixam de ser para glória de Deus, deves parar imediatamente, por que já não estás a viver para a glória de Deus, começas a viver para tua própria glória. Assim, separas-te de Deus e prejudicas-te.
A tua principal preocupação deve ser sempre se estás ou não a viver com Deus. Possuis conhecimento interno suficiente para responder a esta pergunta. Cada vez que fazes alguma coisa orientada pela tua necessidade de aceitação, de afirmação ou de afecto, e de cada vez que fazes alguma coisa que aumenta estas carências sabes que não estás com Deus. Elas nunca serão satisfeitas; apenas aumentam quando lhes cedes. Mas cada vez que fizeres alguma coisa para glória de Deus, conhecerás a paz de Deus no teu coração e lá encontrarás descanso.
A tua principal preocupação deve ser sempre se estás ou não a viver com Deus. Possuis conhecimento interno suficiente para responder a esta pergunta. Cada vez que fazes alguma coisa orientada pela tua necessidade de aceitação, de afirmação ou de afecto, e de cada vez que fazes alguma coisa que aumenta estas carências sabes que não estás com Deus. Elas nunca serão satisfeitas; apenas aumentam quando lhes cedes. Mas cada vez que fizeres alguma coisa para glória de Deus, conhecerás a paz de Deus no teu coração e lá encontrarás descanso.
Henri Nouwen, A Voz Íntima do Amor
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Regressa sempre ao ponto sólido
Tens que acreditar na resposta afirmativa que te é devolvida quando perguntas «Amas-me?» Deves escolher este sim mesmo quando não o sentes.Sentes-te esmagado por distracções, fantasias, pelo perturbante desejo de te lançares no mundo do prazer. Mas sabes de antemão que não será aí que vais descobrir uma resposta para a tua dúvida mais profunda. Tal como essa resposta não está em voltar a analisar minuciosamente acontecimentos passados ou na culpa ou recriminação. Tudo isso apenas contribui para te exaurir e fazer abandonar a rocha sobre a qual está construída a tua casa.Tens de confiar nesse ponto sólido, no local onde podes dizer sim ao amor de Deus mesmo quando não o sentes. Neste momento nada sentes a não ser vazio e falta de força para escolher. Mas continua a repetir «Deus ama-me e o amor de Deus basta». Tens que escolher uma e outra vez esse local sólido e regressar a ele após cada fracasso.
Henri Nouwen, A Voz Íntima do Amor
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
O coração de Deus
O que significa viver no mundo com um coração realmente compassivo, um coração que se mantém aberto a toda a gente e sempre? É muito importante compreender que a compaixão é mais do que a simpatia ou empatia. Quando as pessoas nos pedem para escutarmos as suas dores e para entrar em empatia com os seus sofrimentos, atingimos depressa os nossos limites emocionais. Podemos escutar apenas por alguns instantes e apenas poucas pessoas. Na nossa sociedade somos bombardeados por tantas «notícias» sobre a miséria humana que o nosso coração facilmente se sente confuso, simplesmente porque fica sobrecarregado.
Mas o coração compassivo de Deus não tem limites. O coração de Deus é maior, infinitamente maior, que o coração humano. E é esse coração divino que Deus quer dar-nos para podermos amar todos os homens sem explodirmos ou ficarmos confusos. É por um coração compassivo assim que nós oramos quando dizemos: «Ó Senhor, criai em mim um coração puro e infundi em mim um espírito recto. Não me afasteis da vossa presença nem me priveis do vosso santo espírito.» (Salmos 51, 12-13).
O Espírito Santo de Deus é-nos dado para nos podermos tornar participantes da compaixão de Deus e para irmos ao encontro de todos os povos em todo o tempo com o coração de Deus.
Mas o coração compassivo de Deus não tem limites. O coração de Deus é maior, infinitamente maior, que o coração humano. E é esse coração divino que Deus quer dar-nos para podermos amar todos os homens sem explodirmos ou ficarmos confusos. É por um coração compassivo assim que nós oramos quando dizemos: «Ó Senhor, criai em mim um coração puro e infundi em mim um espírito recto. Não me afasteis da vossa presença nem me priveis do vosso santo espírito.» (Salmos 51, 12-13).
O Espírito Santo de Deus é-nos dado para nos podermos tornar participantes da compaixão de Deus e para irmos ao encontro de todos os povos em todo o tempo com o coração de Deus.
Henri Nouwen, Aqui e Agora
domingo, 29 de julho de 2007
Sobre o Perdão
Perdoar do fundo do coração é muito difícil. Quase impossível. Jesus disse aos discípulos:«(Se o teu irmão) te ofender sete vezes ao dia e sete vezes te vier dizer: "Arrependo-me", perdoar-lhe-ás» (Lucas 17, 4)
Muitas vezes digo: «perdoo-te»; mas o meu coração continua aborrecido ou ressentido. Quero continuar a ouvir a história que me prove que, ao fim e ao cabo, tenho razão; quero continuar a ouvir desculpas e justificações; quero ter a satisfação de receber em troca algum louvor - nem que seja só por ter perdoado!
No entanto, o perdão de Deus é incondicional; brota de um coração que não reclama nada para si, de um coração completamente vazio de egoísmo. É o seu divino perdão que tenho de praticar na minha vida quotidiana. É um chamamento a passar por cima de todos os argumentos que dizem que o perdão é pouco prudente, pouco saudável e nada prático. Desafia-me a passar por cima de todas as minhas necessidades de gratidão e de atenção. Por fim, exige que me sobreponha àquela parte do meu eu que se sente ferida e agravada e que deseja manter o controlo e impor algumas condições a quem me pediu perdão.
Este «passar por cima» é a autêntica lei do perdão. Talvez seja mais «trepar» que «passar». Muitas vezes tenho que trepar acima do muro de argumentos negativos que levantei entre mim e aquele que amo e não me retribui o amor. É um muro de receio de ser utilizado ou ferido outra vez. É um muro de orgulho e de vontade de controlar. Mas cada vez que subo a esse muro, entro na casa onde o Pai habita e abraço aí o meu irmão com um amor autêntico e misericiordioso.
Henri Nouwen, O Regresso do Filho Pródigo
A primeira e geralmente única pessoa a ser curada pelo perdão é a pessoa que perdoa... Quando genuinamente perdoamos, libertamos um prisioneiro e então descobrimos que o prisioneiro que libertamos éramos nós.
A única coisa mais difícil do que o perdão é não perdoar.
Philip Yancey, Maravilhosa Graça
terça-feira, 24 de julho de 2007
Misericórdia divina
O preceito mais radical de Jesus é talvez: «Sede misericordiosos como também o vosso Pai é misericordioso»(Lucas 6, 36).
Jesus descreve a misericórdia de Deus não só para me mostrar o que Deus sente por mim, ou para me perdoar os pecados e oferecer-me uma vida nova e muita felicidade, mas para me convidar a ser como Deus, a ser tão misericordioso para com os outros como Ele é para comigo.Se o único sentido da história fosse: toda a gente peca, mas Deus perdoa, muito facilmente começaria a pensar nos meus pecados como sendo uma bela ocasião para Deus me dar o seu perdão. Vistas assim as coisas, nem sequer haveria lugar para um autêntico desafio. Resignar-me-ia a ser fraco e ficaria à espera de que Deus acabasse por fechar os olhos aos meus pecados e me deixasse entrar em casa, fosse o que fosse que tivesse feito. Tal mensagem, porém, tão sentimental e romântica, não é a mensagem do Evangelho.
Se Deus perdoa aos pecadores, então aqueles que têm fé deveriam fazer o mesmo. Se Deus recebe os pecadores em casa, então aqueles que confiam em Deus também deveriam fazê-lo. Se Deus é misericordioso, então os que amam a Deus deveriam ser misericordiosos. O Deus que Jesus anuncia e em nome de quem actua, é o Deus da misericórdia, o Deus que se propõe como exemplo e modelo do comportamento humano.Mais ainda. Converter-se no Pai celestial não é apenas um aspecto importante dos ensinamentos de Jesus, é precisamente o núcleo da sua mensagem. É óbvio que as palavras radicais de Jesus e a aparente impossibilidade das suas exigências, são parte integrante do chamamento geral a convertermo-nos e a sermos verdadeiros filhos e filhas de Deus.
A grande conversão a que Jesus nos chama consiste em passar da pertença ao mundo à pertença a Deus.
Henri Nouwen, O Regresso do Filho Pródigo
domingo, 22 de julho de 2007
Na Casa de Deus
Na casa de Deus há muitas moradas. Há lugar para todos - um lugar único e especial. Se acreditarmos profundamente que somos preciosos aos olhos de Deus, então seremos capazes de descobrir também a valia dos outros e o lugar único que ocupam no coração de Deus.
Não é possível entrar em competição para ver quem é que ganha o amor de Deus. O amor de Deus é um amor que abraça a todos - cada um na sua própria unicidade. Só quando reivindicamos o nosso lugar no amor de Deus é que podemos experimentar o abraço total desse mesmo e incomparável amor e sentirmo-nos em segurança, não só em relação a Deus mas também em relação a todos os irmãos e irmãs.
Henri Nouwen, Viver é ser amado
terça-feira, 17 de julho de 2007
O Dom Secreto da Compaixão
A mobilidade descendente, o ir ter com os que sofrem e partilhar as suas penas, parece que sabe um pouco a masoquismo ou até doença. Que alegria pode haver na solidariedade para com os pobres, os doentes e os moribundos? Que alegria pode haver na compaixão? Pessoas como Francisco de Assis, Carlos de Foucauld, Mahatma Gandhi, Albert Wchweizter, Dorothy Day e muitos outros, eram tudo menos masoquistas ou doentes. Todos irradiavam alegria. Esta é, obviamente, uma alegria desconhecida do nosso mundo. Se nos guiássemos pelo que nos dizem os meios de comunicação social, a alegria devia ser o resultado do sucesso, da popularidade e do poder, mesmo que os que detêm essas coisas tenham, com frequência, um coração pesado e até deprimido.
A alegria que provém da compaixão é um dos segredos mais bem guardados da humanidade. É um segredo só conhecido de muito poucas pessoas, um segredo a descobrir continuamente.Eu, pessoalmente, tive umas «amostras» dela. Quando vim para Daybreak, uma comunidade com pessoas com deficiências mentais, pediram-me para passar algumas horas com Adam, um dos membros deficientes da comunidade. Todas as manhãs, tinha que o levantar da cama, dar-lhe banho, barbeá-lo, escovar-lhe os dentes, dar-lhe o pequeno-almoço e levá-lo para o lugar onde ele passa todo o seu dia. Durante as primeiras semanas, quase tive medo, sempre preocupado com não fazer nada mal ou com que ele tivesse algum ataque epiléptico. Mas, pouco a pouco, fui ficando mais calmo e comecei a apreciar a nossa rotina diária. Com o passar das semanas, descobri que já era com ansiedade que esperava por aquelas duas horas que passava com o Adam. Sempre que pensava nele durante o dia, experimentava um sentimento de gratidão por o considerar meu amigo. Embora ele não fosse capaz de falar e nem sequer de fazer um sinal de agradecimento, havia um autêntico amor entre nós. O meu tempo com Adam tornara-se o tempo mais precioso do dia. Quando uma visita amiga me perguntou um dia: «Não poderias passar melhor o tempo que a trabalhar com um homem deficiente? Foi para fazer esse tipo de trabalho que tiraste o teu curso?» , compreendi que não era capaz de lhe explicar a alegria que o Adam me trazia. Ele tinha que descobrir isso por si mesmo. A alegria é o dom secreto da compaixão. Continuamos a esquecer-nos disso e inconscientemente procuramo-la em outros lugares. Mas, cada vez que voltamos para onde existe a dor, conseguimos uma nova «amostra» de alegria que não é deste mundo.
Henri Nouwen, Aqui e Agora
domingo, 15 de julho de 2007
Mobilidade Descendente
A vida de compaixão é a vida da mobilidade descendente! Numa sociedade em que a mobilidade ascendente é a norma, a mobilidade descendente não só não é encorajada como inclusivamente é considerada imprudente, pouco saudável, senão mesmo completamente estúpida. Quem será que escolhe livremente um emprego mal pago quando lhe é oferecido um outro bem pago? Quem será que escolhe a pobreza quando a riqueza está ao seu alcance? Quem será que escolhe um lugar escondido quando há um lugar na ribalta da vida? Quem será que opta por viver por uma única pessoa com graves carências quando poderia ajudar muitos ao mesmo tempo? Quem será que escolhe retirar-se para um lugar de solidão e oração quando há tantas exigências urgentes em toda a parte? Toda a minha vida, fui encorajado por gente bem intencionada a «subir na escala» e o argumento mais comum era: «Nessa posição, pode fazer tanto bem a tanta gente!»Mas essas vozes chamando-me à mobilidade ascendente estão completamente ausentes do Evangelho. Jesus diz: «Quem ama a sua vida, perdê-la-á e quem odiar a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna» (João 12, 25). E diz mais: «Se não vos fizerdes como crianças nunca entrareis no reino dos céus» (Mateus 18, 3). E finalmente diz: «Vós sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós. Ao contrário, quem quiser fazer-se grande entre vós, seja o vosso servo; e quem quiser ser o primeiro no meio de vós, seja vosso escravo. Assim fez o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pelo resgate de muitos» (Mateus 20, 25-28).Esta é a via da mobilidade descendente, a via descendente de Jesus. É a via que leva aos pobres, aos que sofrem, aos marginalizados, aos prisioneiros, aos refugiados, aos que estão sós, aos esfomeados, aos moribundos, aos torturados, aos sem-tecto - a todos os que pedem compaixão. O que é que eles têm a oferecer em troca? Nem sucesso, nem popularidade, nem poder, mas a alegria e a paz dos filhos de Deus.
Henri Nouwen, Aqui e Agora
terça-feira, 26 de junho de 2007
«Amas-me?»
«Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas. Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.»- João 21, 15-17
O mistério insondável de Deus é que Ele é um Enamorado que quer ser amado. Aquele que nos criou está á espera da nossa resposta ao amor que nos deu o ser. Deus não diz apenas: «Tu és o meu amado», mas pergunta também:«Amas-me?», oferecendo-nos inumeráveis oportunidades para dizer «sim». É isso a vida espiritual: a possibilidade de dizer «sim» à nossa verdade interior.
A vida espiritual, assim entendida, muda tudo radicalmente. Nascer e crescer, deixar a casa e prosseguir uma carreira, ser admirado e ser rejeitado, caminhar e descansar, orar e distrair-se, ficar doente e ser curado - sim, viver e morrer - tudo são expressões desta pergunta divina: «Amas-me?». E, em todos os pontos da jornada, há a opção entre dizer «sim» e dizer «não».
Henri Nouwen, Viver é ser amado
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