quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

PERMANECER EM JESUS

«Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor (...)
Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim.
Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (...)
Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.» 
(Jo 15; 1-10)

"A tarefa mais importante do discípulo é permanecer em Jesus. A permanência é a condição para poder dar fruto. O ramo só pode dar frutos se permanecer preso à videira. Permanecer em Jesus significa ficar imbuído do espírito e do amor de Jesus. Assim como o ramo recebe a seiva da videira, assim flui dentro de nós o amor de Jesus manifestado na sua morte de cruz.

Trata-se de um permanecer mútuo. Nós devemos permanecer em Jesus. E então também Ele permanecerá em nós impregnando-nos com o Seu amor. E esse amor nos faz dar frutos. O verdadeiro fruto não consiste em grandes feitos exteriores, ele se mostra, isso sim, no amor que passamos a irradiar. Tudo o que fazemos só será fecundo se levar a marca do amor."

Anselm Grün, em "JESUS - Porta para a Vida"

domingo, 1 de agosto de 2010

ENCONTRAR DEUS NAS DIFICULDADES

«Nós encontramos Deus no meio daquilo que nos acontece, que nos agride, sejam os irmãos, que nos fazem mal, seja a própria sombra, que nos ataca.
É na rotina diária que se decide se o indivíduo se torna amargo e duro, pelas frustrações da vida, ou se opta por se abrir a Deus, deixando-se modificar pelo seu Espírito. (...)

A raiva perante a injustiça e perante situações adversas torna-nos cegos para as hipóteses de solução que se escondem nas dificuldades da vida. (...)
Quando as situações adversas são vividas à luz de Deus, esta luz altera os nossos sentimentos e dá-nos força interior. (...)
É nos problemas e dificuldades que arrasto comigo que me encontro com Deus, que actua em mim e me modifica.»

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

terça-feira, 27 de abril de 2010

O QUE É QUE ME VALORIZA?

Todas as pessoas têm o seu valor, porque são criaturas de Deus. (...)

Valoriza-me o facto de ser humano, de ter sido criado por Deus e por Ele escolhido.
E valoriza-me o facto de existir em mim qualquer coisa que pertence apenas a mim.
Ninguém sente as coisas da mesma maneira que eu.
Ninguém fala da mesma maneira que eu.
Ninguém respira da mesma maneira que eu.
Não devo ver o meu valor apenas naquilo que eu consigo fazer.
As minhas capacidades fazem parte do meu valor, mas não o esgotam. Apenas têm valor como parte da minha pessoa, que é única, e em que o próprio Deus se revela. (...)

O valor e a dignidade das pessoas consiste no facto de Deus ter criado o Homem à sua imagem e semelhança.
No ser humano resplandece, portanto, o rosto de Deus. É essa a mensagem da Bíblia.

Para os cristãos, isso teve, mais uma vez, outro aprofundamento, devido ao facto de Deus ter encarnado em Jesus de Nazaré.
Se acreditarmos nisso, vemos em cada rosto humano o rosto de Jesus Cristo. (...)
O facto de existir em nós uma vida divina, um espírito divino e um amor divino, constitui a mais profunda das nossas dignidades.

Anselm Grün, em "O Livro das Respostas"

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

PERMANECER EM JESUS


"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor (...)
Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim.
Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (...)
Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor." (Jo 15; 1-10)

"A tarefa mais importante do discípulo é permanecer em Jesus. A permanência é a condição para poder dar fruto. O ramo só pode dar frutos se permanecer preso à videira. Permanecer em Jesus significa ficar imbuído do espírito e do amor de Jesus.
Assim como o ramo recebe a seiva da videira, assim flui dentro de nós o amor de Jesus manifestado na sua morte de cruz.
Trata-se de um permanecer mútuo. Nós devemos permanecer em Jesus. E então também Ele permanecerá em nós impregnando-nos com o Seu amor. E esse amor nos faz dar frutos. O verdadeiro fruto não consiste em grandes feitos exteriores, ele se mostra, isso sim, no amor que passamos a irradiar.
Tudo o que fazemos só será fecundo se levar a marca do amor."

Anselm Grün, em "JESUS - Porta para a Vida"

terça-feira, 14 de julho de 2009

SÊ VERDADEIRO PERANTE DEUS

«Muitos queixam-se que não experimentam Deus na oração. Uma razão importante pela qual não experimentam Deus é porque eles não se experimentam a si mesmos. Eles oferecem a Deus apenas o seu lado piedoso. Mas escondem de Deus tudo o que é reprimido. Então, a sua oração não se pode tornar vida. Pois tudo aquilo que nós eliminamos, falta-nos em vivacidade. 

Quando escondemos algo de Deus, entre Deus e nós não há fluxo. Sentimo-nos diante de Deus vazios e bloqueados.
Rezar significa elevar a Deus tudo o que há em nós; exprimirmo-nos diante de Deus. Rezar é sempre o caminho do autoconhecimento e do contacto connosco mesmos. Quando elevo a minha verdade a Deus, pressinto quem é Deus e quem eu sou.»

Anselm Grün

quinta-feira, 2 de julho de 2009

ENCONTRAR DEUS NAS DIFICULDADES

Nós encontramos Deus no meio daquilo que nos acontece, que nos agride, sejam os irmãos, que nos fazem mal, seja a própria sombra, que nos ataca.
É na rotina diária que se decide se o indivíduo se torna amargo e duro, pelas frustrações da vida, ou se opta por se abrir a Deus, deixando-se modificar pelo seu Espírito(...)

A raiva perante a injustiça e perante situações adversas torna-nos cegos para as hipóteses de solução que se escondem nas dificuldades da vida. (...)
Quando as situações adversas são vividas à luz de Deus, esta luz altera os nossos sentimentos e dá-nos força interior. (...)
É nos problemas e dificuldades que arrasto comigo que me encontro com Deus, que actua em mim e me modifica.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A RELAÇÃO COMIGO PRÓPRIO

Não devemos dar ouvidos à auto-suficiência, mas sim à vontade de Deus, ou seja, não devemos ficar pelos nossos desejos e necessidades, mas pesquisar profundamente em nós até encontrarmos o ponto em que possamos ficar em harmonia com a vontade de Deus. Este é também o ponto em que entramos em contacto com a nossa realidade essencial, com o nosso ser mais interior. Há diversas vozes dentro de nós. Uma delas é a voz superficial que São Bento relaciona com a própria vontade: «Agora, eu quero ir ali, quero ter isto, preciso disto sem falta, ou não quero aquilo que me irrita...»

Quando nós mergulhamos suficientemente em nós, em espírito de oração, descobrimos uma outra voz que se identifica com o nosso ser interior. É a voz de Deus. É a vontade de Deus.
A vontade de Deus não é algo estranho que nos abafa, é antes a expressão mais genuína daquilo que a nossa vida, a nossa liberdade, a nossa sinceridade querem. Só quando nós vivemos da vontade de Deus, da nossa verdade interior, é que a nossa vida vale a pena. A ligação com o nosso ser puro é condição para podermos experimentar Deus.

Quanto mais pesquisarmos a fundo em nós, mais reconheceremos que não vivemos em nós mesmos mas em Deus; que Deus nos chamou para formar a sua imagem em nós. E o nosso chamamento interior só é verdadeiro quando sentimos esta imagem de Deus em nós, quando escutamos o apelo da sua vontade a nosso respeito.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

terça-feira, 9 de junho de 2009

A RELAÇÃO COM DEUS

A nossa vida só se torna pura quando está ligada a Deus, a nós mesmos e àqueles que nos rodeiam. 
Muitos psicólogos pensam que as doenças do nosso tempo se devem à falta de ligações. Muitas pessoas não estão ligadas a nada: nem a Deus nem aos outros. São incapazes de estabelecer relacionamentos. (...)

Quando o homem tem dificuldade em se relacionar, a sua vida fica desorientada, ele perde o seu centro, o seu ponto de apoio.

No primeiro degrau trata-se da relação com Deus. Ela é o pressuposto para a nossa vida. Só nos podemos tornar puros, quando todos os nossos pensamentos e sentimentos estão ligados a Deus. (...)

Em tudo devemos estar ligados a Deus. Deus olha para nós. Vivemos sempre à frente dos seus olhos. Ele fita-nos com amor infinito, mas que também nos examina e nos chama à verdade interior. (...)
São Bento acredita que Deus está presente nos nossos pensamentos. Nós podemos encontrá-Lo se prestarmos atenção aos nossos pensamentos e sentimentos. Tudo o que se move no nosso coração tem a ver com Deus e com a nossa relação com Deus.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A PORTA ESTREITA - Caminho da Purificação (2ª parte)

Franz Kafka conta a história de um homem que queria atravessar os portões de um castelo. Mas o porteiro impedia-o. Ele esperou diante da porta até ficar velho e doente. Quando estava a morrer, o porteiro fechou o portão dizendo: «Este portão era destinado só a ti.»

Há muitas pessoas que, durante toda a sua vida, não atravessam a porta que as conduz à vida. Preferem outras. Ou então têm medo de atravessar a porta estreita. Elas receiam os esforços, o ter de incomodar o porteiro até que ele as deixe passar. A porta estreita não é a porta do trabalho, mas porta que está destinada só para mim.Para atravessar esta porta preciso de me desfazer das ilusões que fiz de mim.

O caminho espiritual, como São Bento o entende, liberta-me de todo o lastro que eu transporto comigo, para poder entrar pela porta estreita para o caminho da purificação, o caminho que me conduz à pureza, o caminho no qual eu me torno eu próprio.Este caminho conduz-me à plenitude.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

terça-feira, 2 de junho de 2009

A PORTA ESTREITA - Caminho da Purificação (1ª parte)

São Bento, na sua famosa Regra , não deseja impor nada duro e difícil aos monges. Quando a vida numa comunidade monástica parece por vezes dura, então ele encoraja: «Não te deixes perturbar pelo medo e não fujas do caminho da purificação; no início ele pode parecer estreito. Mas quem progride na vida monástica e na fé, verá o seu coração tornar-se largo, enquanto percorre o caminho dos mandamentos de Deus na alegria indizível do amor» (Prólogo 48)

O caminho da purificação, no qual nos tornamos puros e completos, está em conformidade com «o caminho estreito» de que falava Jesus (Mt 7, 13). O caminho largo é o caminho que todos percorrem.O caminho estreito é o caminho em que vivo todas as minhas vocações pessoais, em que vou crescendo na imagem que Deus pensou para mim. Para encontrar o meu próprio caminho tenho de atravessar a porta estreita que me foi destinada para chegar à plenitude.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

quinta-feira, 28 de maio de 2009

CONSTRÓI SOBRE A ROCHA


«Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda.» (Mateus 7, 24-27)

A parábola da casa na rocha é utilizada num sermão de João Crisóstomo, como prova da sua tese: «Ninguém te pode magoar a não ser tu mesmo.» Aquele que constrói a sua casa na rocha não pode ser prejudicado pelas tormentas interiores e exteriores. As tormentas de emoções que correm para ele não o magoam. As pessoas que lutam contra ele, que o difamam, que intrigam contra ele, não têm qualquer poder sobre ele. A sua casa permanece de pé. O seu fundamento não está em ser amado pelos homens, mas por Cristo. (...)

Jesus está convencido de que as tormentas e marés não nos podem fazer mal se nós tivermos construído a nossa casa na rocha das suas palavras. (...)

Quando construímos a nossa casa em Cristo, encontramos o caminho para a verdadeira vida, então aprendemos a ter prazer na vida, sempre e em todo o lado, mesmo nas tormentas que nos assaltam, mesmo nas marés de emoções que se abatem sobre nós diariamente. Cristo, como fundamento da casa da nossa vida, oferece-nos segurança e liberdade, tranquilidade e serenidade, em todos os contratempos da vida.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

sexta-feira, 15 de maio de 2009

OBEDIÊNCIA

Obediência significa sempre ter liberdade interior face a hábitos e prisões, liberdade em relação à opinião dos outros. O nosso coração só deve deixar-se influenciar por Deus.
Obediência pressupõe liberdade e procura, que é, ao mesmo tempo, a liberdade de que nós precisamos para encontrar Deus verdadeiramente. (...)

Jesus seguiu de forma tão clara a voz interior do seu coração que não se deixou deter pelos homens e pela sua rejeição.
A obediência significa lucidez interior, esta abertura para a voz de Deus que nos chama para a nossa verdadeira imagem e para a nossa mais profunda determinação.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

quinta-feira, 14 de maio de 2009

PUREZA DO CORAÇÃO

Segundo João Cassiano, "a pureza do coração significa liberdade de todas as perturbações egoístas dos nossos actos espirituais. Quem tem o coração puro não utiliza Deus para si próprio, não se coloca acima de ninguém. Pureza significa abertura total a Deus, é o ser penetrado pelo espírito de Deus. E a pureza do coração, para Cassiano, significa, em última instância, amor.

O pressuposto fundamental de toda a oração é o amor. Quem ama reza. E a oração deve conduzir-nos ao amor, de forma a que o nosso coração seja cada vez mais preenchido e modificado pelo amor de Deus.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

terça-feira, 12 de maio de 2009

A DOÇURA DO AMOR

O coração grande é uma condição para a experiência da vida verdadeira. A outra marca é a alegria indizível do amor. Em latim está escrito: «inenarrabili dilectionis dulcedine = a indescritível doçura do amor.» (...)

«Dulcedo» é para os latinos o mesmo que o amor. O amor é doce. Tem um sabor doce.
Os latinos sabiam que o amor ao homem empresta outro sabor, ao contrário do ódio que faz o homem amargo. Para os latinos, a sabedoria está no sabor (Sapientia). Quem saboreia a essência, é sábio. Quem ama sente um sabor doce e agradável, um sabor amoroso. Quem ama saboreia a vida.

Na tradição espiritual, a «dulcedo Dei = A doçura de Deus» desempenha um papel importante. A experiência de Deus deixa no homem um sabor doce. A «dulcedo Dei» relaciona-se sempre com a experiência interior de Deus nos próprios corações.
Deus não é o sentimento. Mas deixa os seus vestígios no sentimento. Não conseguimos ver Deus, mas podemos saboreá-lo. O sabor doce é a experiência mais profunda de Deus que nos é possível. 

Para o papa São Gregório Magno, a doçura interior é fruto da contemplação. Ele diz que a alma não existe sem alegria. A alegria indestrutível é a alegria espiritual. Na contemplação, a alma é penetrada por uma doçura inenarrável. São Bento entende esta doçura da experiência de Deus, quando se refere à inenarrável «dulcedo» do amor.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

domingo, 10 de maio de 2009

CORAÇÃO GRANDE

São Bento adopta a imagem do coração grande dos Padres da Igreja.Ambrósio pensa que apenas o coração grande oferece espaço a Deus para lá morar. E Cassiano está convencido de que apenas um coração grande pode alcançar a serenidade e encontrar a paz interior.
A pessoa com um coração pequeno torna-se cobarde e impaciente. Quando a cascata de agressões e depressões correm para o coração pequeno, ele é inundado por elas. Quando o coração se tornou grande através do amor, as marés de emoções rapidamente fenecem nele.

Só um coração grande pode experimentar a abundância da vida. Um coração pequeno é demasiado estreito para a riqueza da vida. Fechar-se-á com medo das normas de conduta, em vez de se entregar à vida.

Santo Agostinho fala do amor e da alegria que torna o coração grande. São Bento encontrou a expressão do coração grande certamente no Salmo 119, 32. São Bento gosta deste salmo.
Quem reflecte sobre os mandamentos de Deus, quem medita no amor de Deus, verá que o seu coração se torna grande. Quem realmente experimentou Deus, recebe um coração grande. O coração grande é sinal de verdadeira espiritualidade.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

quinta-feira, 7 de maio de 2009

ACEITAR A NOSSA HUMANIDADE

O paradoxo cristão está em subir até Deus enquanto desce à própria realidade. Só quando alguém se encontra a si próprio, é que se encontra com Deus. Sem haver um autoconhecimento sincero, limitamo-nos a lidar com as nossas próprias projecções e nunca com o verdadeiro Deus. (...)

Só quem tem a coragem de aceitar as suas limitações terrenas, a sua humanidade, poderá subir e ter acesso à contemplação de Deus. (...)

No caminho até Deus encontro o meu próprio lado sombrio, os meus abismos, as minhas paixões, as minhas necessidades e emoções.
Quem se eleva a si próprio, deseja ultrapassar a sua realidade psíquica. Deseja, através de um «bypass espiritual», utilizar Deus para se afastar da sua própria realidade, mas vai parar a um beco sem saída. Nunca chegará a Deus, alcançará apenas a imagem que fez de si próprio e de Deus.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da espiritualidade"

terça-feira, 5 de maio de 2009

O CAMINHO DA HUMILDADE (2 ªparte)

O objectivo do caminho interior é o amor-perfeito, que expulsa todo o medo. O caminho da humildade conduz acima da humilhação, até ao amor a Deus que nos eleva e nos puxa para si. 

São Bento descreve o fim do caminho da humildade com palavras semelhantes às de João Cassiano. «Se tu és verdadeiramente humilde, a tua humildade conduzir-te-á imediatamente a um nível superior, ao amor que não tem medo de nada. Então, começarás naturalmente, sem qualquer esforço, a seguir tudo aquilo que antigamente observavas com medo da punição, sem ter mais em vista a punição ou qualquer outro medo, mas por amor à bondade como tal, e por alegria pelas virtudes»(Cassiano 49). Para Cassiano, o amor é o objectivo do caminho espiritual e o fruto da pureza do coração. (...)


O objectivo da humildade é, portanto, espiritual, e não moral. Não diz respeito a uma virtude, tem a ver com a capacidade para a contemplação, com a oração pura, através da qual devemos estar em união com Deus. (...)

O caminho espiritual corresponde à nossa essência interior. (...)

A humildade trouxe-nos calma através do contacto com a nossa própria realidade, com a nossa natureza criada por Deus. Quando estamos em contacto com a nossa verdadeira essência, encontramos sozinhos o caminho para Deus. Então não é necessário mais nenhum mandamento e nenhuma pressão exterior. (...)


Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

domingo, 3 de maio de 2009

O CAMINHO DA HUMILDADE (1ª parte)

Gregório de Nisa pensa que o Homem só pode imitar Deus através da humildade. Por isso, a humildade é o caminho para a adaptação a Deus. (...)

Para a Igreja primitiva, a humildade é essencialmente uma atitude religiosa em que se procura padrões de semelhança com Cristo.

São Bento vê o exercício da humildade como imitação de Cristo, como crescimento interior em Jesus Cristo. Ele vê a humildade como caminho de exercício para o amor perfeito, para a unificação com Deus na contemplação. (...)


A humildade conduz os homens ao prazer de estarem vivos, na sua força, na sua vida transformada pelo Espírito de Deus. 
O objectivo do caminho da humildade não é, por isso, a humilhação dos homens, mas sim a sua elevação, a sua metamorfose através do Espírito de Deus, que os penetra totalmente e se converte em prazer, nesta sua nova qualidade de vida. (...)


Subir até Deus é o objectivo de todo o percurso espiritual. O paradoxo de uma espiritualidade construída a partir de baixo, tal como São Bento a descreve, é que, através da descida à nossa realidade humana, subimos a Deus.


Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

domingo, 19 de abril de 2009

ORAÇÃO E ACÇÃO (Anselm Grün)


"A oração deve ser um momento e um meio de libertar forças, ligadas ao centro de nós mesmos, para as pôr ao serviço dos irmãos." (Ignacio Larrañaga, em "Mostra-me o Teu Rosto")

«A oração deixa-nos sensíveis para aquilo que devemos fazer. Sem oração, a nossa acção torna-se frequentemente cega e pode resultar num activismo sem significado. A oração indica-nos onde nos devemos comprometer e de que forma é que a nossa acção faz sentido.(...)

O próprio Jesus nos mostrou, na conhecida história de Marta e Maria, que precisamos de ambos os pólos, da acção e da contemplação (Lc 10: 38-42).
Tal como Marta, devemos deitar mãos à obra onde for necessário. Devemos ser hospitaleiros para com os nossos convidados e cuidar deles. Mas também é preciso que exista em nós a Maria, que arranja tempo para se sentar simplesmente aos pés de Jesus e para ouvir o que Ele tem para lhe dizer. 

Se não tirarmos mais tempo para a oração, para o silêncio, para ouvirmos e reflectirmos, não nos apercebemos de que não estamos a responder ás verdadeiras necessidades dos seres humanos com a nossa acção. Existe então o perigo de estarmos a circular apenas à volta de nós mesmos e da nossa reputação.

Queremos apenas dar provas de nós mesmos é um comportamento que também não dá frutos para os outros. Para que a nossa acção seja frutífera, precisa do retrocesso para a oração, a contemplação e o silêncio. Mas isso é uma coisa completamente diferente de uma autofuga ás verdadeiras exigências da vida.»

(Anselm Grün, em "O Livro das Respostas")

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O OBJECTIVO DA MINHA VIDA

"O objectivo da minha vida é que o meu ego deixe de bloquear a imagem original e genuína de Deus, que existe dentro de mim, e que eu permaneça sempre permeável ao seu Espírito.

Tenho confiança de que a minha vida se tornará uma bênção para outras pessoas, de que eu próprio me tornarei uma bênção, se deixar de circular, de forma egocêntrica, à volta do meu próprio sucesso ou de me fixar no meu próprio resultado. Só então serei verdadeiramente livre. Nessa altura, serei verdadeiramente capaz de amar. (...)

Pressinto que o meu objectivo é ser totalmente eu próprio, ser totalmente aquilo para que Deus me designou, sem utilizar Deus a meu favor e sem querer dar provas de mim a mim mesmo.

O meu objectivo é, portanto, tornar-me aquele que sou com origem em Deus, e gerar lucros, tal como Jesus prometeu àqueles que n´Ele permanecem e junto de quem Ele permanece.

E eu sei que só serei verdadeiramente produtivo quando abandonar o meu ego e me tornar totalmente permeável ao amor. Um amor que brota em mim para correr através de mim na direcção dos outros e os alegrar."

(Anselm Grün, em "O Livro das Respostas")

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